Jovens de Ilhéus encontram oportunidades nas micro e pequenas empresas

Aclécia de Souza Pereira
JBO/Maurício Maron

Aclécia de Souza Pereira sempre teve fortes ligações com o campo, mas Aclécia resolveu seguir outro caminho. Veio para a cidade em busca de novas oportunidades. “A roça ainda não tem como me proporcionar determinadas coisas”, analisa. Em agosto, por exemplo, a técnica agrícola viverá um dos momentos mais emocionantes da vida: a festa de formatura do curso superior em Gestão Ambiental. Ela participou do 1º Feirão de Empregos e Oportunidades de Ilhéus, realizado durante a manhã desta quarta-feira, 28, no auditório do escritório local da Ceplac.

Parceria entre Sebrae e Prefeitura, o evento teve por objetivo criar um ambiente que facilitasse o acesso às oportunidades de trabalho e emprego, qualificação técnica e profissional e a disseminação da proposta de desenvolvimento local, por meio das micro e pequenas empresas. Aclécia, que ainda encontra tempo para integrar uma das turmas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Médio e ao Emprego (Pronatec), tem planos de ir além. Ano que vem, vai estudar Administração. “Quero crescer, ampliar os horizontes. Ilhéus vai viver, agora, um momento especial de novos e grandes investimentos. Enxergo neles a maior chance da minha vida”, assegura.

“O contato direto de empregadores e trabalhadores constrói novas oportunidades e é isso que vai consolidar a transformação social que a cidade quer e precisa”, destaca gerente regional do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo. Segundo ela, o encontro não foi apenas uma busca pelo emprego, mas de descobertas também. “Quem sabe alguns tenham saído daqui dispostos a abrir o seu próprio negócio, ser, por exemplo, um microempreendedor individual”. Programas como Balcão do Emprego, SineBahia, Balcão do Empreendedor e CrediBahia estiveram presentes para informações, explicações sobre os serviços e cadastros.

Para o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Jamil Ocké, não há outro caminho. É a qualificação profissional que vai mudar a realidade de jovens carentes de Ilhéus. “Em nosso balcão de emprego, observamos que as vagas surgem. Porém, muitas vezes não há pessoas preparadas para as funções oferecidas”, revela. Um dos exemplos dados pelo secretário foi um pedido que acabara de chegar ao seu gabinete. Uma construtora queria a contratação imediata de 10 motoristas de betoneira, com Carteira de Habilitação tipo D e experiência comprovada. Resultado: as vagas continuam em aberto. “Por isso é preciso promover cada vez mais o acesso ao trabalho, apostando alto na qualificação”, reforça Claudiana.

Muitas oportunidades - Se por um lado a experiência registrada pelos funcionários do Balcão de Emprego revela uma chance reduzida para quem não apostou no aprendizado, por outro, um universo está aberto para os que estão apostando na qualificação. Através do balcão, a empresa responsável pela construção da nova ponte ligando o centro de Ilhéus à zona sul, cuja obra começa ainda esta semana, já contratou 80 jovens oriundos do Pronatec. E a previsão é de que o número de novos contratados aumente para 200, nos próximos meses, sem contar outras iniciativas previstas para acontecer na cidade, a exemplo da construção do Porto Sul, Ferrovia de Integração Oeste-Leste, mais 3 mil unidades do programa Minha Casa, Minha Vida, dentre outros.

Paralelamente às ações do Pronatec, o Sebrae também vai oferecer oficinas de qualificação a este público. “A proposta é integrar este momento promissor do município a um projeto de Cidade Criativa, com pessoas se apropriando de valores intangíveis (diferenciados) e agregando esses valores a novos produtos e serviços”, explicou.

São transformações como essas que também batem à porta de Vitor Hugo e Jandira Souza. Aos 16 anos, ele acompanha atentamente as aulas de inglês para turismo. “Percebi ao passar pela porta dos hotéis da cidade, a dificuldade de os trabalhadores se comunicarem com os gringos”, justificou a escolha do curso. Na sala ao lado, a mãe dele, uma ex-feirante e recepcionista de uma emissora de radio, se dedica às aulas de camareira. “Agora com o que estou vendo por aqui é que percebo o quanto poderia ter sido melhor nas duas outras profissões que tive”, reconhece.